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segunda-feira, 10 de março de 2008

O Clarinete e sua história



A história do clarinete na primeira metade do séc. XVII
traduz-se numa verdadeira luta pela sobrevivência da flauta doce e pela sua integração
plena na paleta sonora da orquestra. ''Inventado'' à volta de 1700 por Johann
Christoph Denner, e seu filho Jacob, fabricante de instrumentos de sopro em
Nuremberg partindo da idéia de aperfeiçoar a flauta doce.
A flauta doce é um instrumento praticamente sem dinâmica, ou seja, não
consegue tocar forte nem com pouco volume. Denner pensava que se ele
resolvesse esse problema, as pessoas iriam continuar a gostar da flauta
doce. O fabricante pegou uma palheta de bambu, cortou a parte da frente do
"bico" de uma flauta doce e colocou a palheta sobre o corte. Assim era
inventado o chalumeau, que fornecia a dinâmica que Denner queria e já
apresentava um som muito semelhante ao do clarinete. O público
impressionou-se com o novo instrumento e, para frustração de Denner, a
flauta doce decaiu ainda mais por causa do chalumeau, sua própria
invenção, pois era considerado um instrumento completamente diferente,
conhecido como chalumeau ou charamela.
As imperfeições sonoras dos primeiros clarinetes demasiadas estridentes no
registro médio/agudo e sem vigor ou clareza de afinação no registro grave
(que tem precisamente o nome de chalumeau), comprometeram de início a
sua aceitação por parte dos músicos. Era declaradamente inferior ao oboé e
à flauta seus contemporâneos no que concerne ao timbre, afinação e
agilidade. Somente em meados do século XVIII, no seio da reputada
orquestra de Mannheim, o clarinete irá ver concretizadas as suas
possibilidades como instrumento de grande expressividade - ainda assim, o
seu uso era inicialmente especificado apenas como alternativo ao oboé ou à
flauta. No espaço de algumas décadas, as transformações efetuadas no
clarinete (entre as quais o alongamento da campânula e a adição de três
chaves as duas pré-existentes) fizeram dele o instrumento que servia
idealmente o tipo de sonoridade procurada pela orquestra de Mannheim,
cuja fama decorre da exploração das gradações tímbricas e expressivas de
maneira inaudita. Construído com diversas afinações, e escolhido em função
das resultantes diferenças de timbre e da tonalidade da obra a executar, por
razões de facilidade de dedilhação, o clarinete começa a ser usado pelas
suas capacidades líricas (de assinalar a sua utilização nos andamentos
lentos das sinfonias) e não apenas pelo caráter brilhante do seu registro
médio (registro de clarinete, que também já recebeu a designação de
clarino). A sua principal virtude reside no controle da dinâmica que lhe
permite a obtenção, mais do que qualquer outro instrumento de sopro, de
uma suavidade sonora, de qualidade eminentemente vocal, capaz das
nuances mais subtis. Terá sido o que impressionou Mozart na visita que
efetuou a Mannheim em 1778. Dois anos mais tarde, a partitura de
Idomeneo incluiu nada menos do que quatro clarinetes, em Lá, Sib, Si e Dó,
de apenas três chaves e desde aí, Mozart utiliza o instrumento
intensivamente nas suas óperas, assegurando-lhe também um lugar de
eleição na sua música de câmara, de que são representativos o Trio K. 498
e os Quintetos K. 452 e K. 581.
Em 1812 Ivan Muller apresentou um novo design para o clarinete ao
Conservatório de Paris. O novo instrumento tinha 13 chaves e o modelo
mais avançado desde o trabalho desenvolvido por Denner. Muller é
considerado a segunda figura mais importante no desenvolvimento do
clarinete. Mozart ficou ainda mais fascinado com o som do clarinete que
agora podia tocar em todas as escalas, Já que poucos compositores
clássicos o utilizaram nas suas músicas ,dedicou-lhe várias peças, sendo as
mais famosas o Concerto em Lá maior para clarinete e orquestra e o
Quinteto em Lá maior para clarinete e cordas.

A sua escrita para o clarinete, favorecendo a beleza do registro grave do
instrumento e um equilíbrio e fluência em toda a sua ampla tessitura, faz-nos
pensar na escrita vocal e não é difícil imaginar tratar-se por vezes de uma
voz de soprano. O uso do clarinete obbligato como dramatis persona em La
Clemenza di Tito encontra-se na linha de uma tradição vienense do início do
séc. XVIII, na qual se inscrevem múltiplas óperas evidenciando uma relação
estreita entre a voz e o chalumeau que, tomado como objeto significante, é
associado a sentimentos específicos de caráter amoroso ou pastoral.
De resto, quando se mencionam as qualidades vocais inerentes à execução
e às particularidades sonoras do instrumento, ontem como hoje, as
referências abundam. Veja-se o caso de Lindsay Willman, instrumentista
inglês muito aclamado na primeira metade do séc. XIX, sobretudo na
execução de partes obbligati incluídas no acompanhamento de árias vocais,
que colaborava frequentemente com cantoras como Angelica Catalani,
Henriette Sontag, Maria Malibran e Eliza Salmon. Desta última, diz-se que «a
sua voz era harmoniosa e sonora como o clarinete, e quando Willman a
acompanhava tornava-se difícil distinguir a voz do instrumento». O exemplo
é paradigmático da influência mútua operada nos dois intérpretes, pode
fazer-nos compreender porque se faz referência ao bel canto quando se fala
da escola inglesa de clarinete e, sobretudo, permite-nos confirmar a riqueza
em constituintes harmônicos do clarinete, sem par junto dos outros
instrumentos de sopro, que lhe confere vantagem na tessitura (três oitavas e
uma sexta) e na obtenção de uma sonoridade compacta.
Ao longo do séc. XIX, o talento de vários virtuosos foi decisivo para o
desenvolvimento técnico do clarinete e para o aprofundamento por parte dos
compositores de uma escrita idiomática própria que, pelas suas
particularidades expressivas, ficou associada ao movimento romântico.Entre
1839 e 1843, H. Klosé e August Buffet (fundador da Buffet Crampon)
adaptaram a mecânica do clarinete ao sistema de Teodore Boehm (flauta)
de colocação dos dedos e anéis móveis nomeadamente pela adição também
de mais chaves, estenderam mais ainda a tessitura do instrumento. Apesar
deste ser o sistema habitualmente utilizado hoje em dia, subsistem ainda
outros sistemas como evolução do sistema Mueller como é o caso dos
sistema ?Albert? e ?Auler? ,usados, sobretudo na Alemanha, mas pouco a
pouco estão sendo substituídos pelo sistema de Boehm, por não ter
cruzamento de dedos.

Evolução do Sistema de Chaves
A evolução da charamela para o clarinete, da responsabilidade de Johann
Denner, traduziu-se na criação de um instrumento que na época
(aproximadamente 1690) não tinha mais do que 7 buracos e 2 chaves
operando num curtíssimo registro tímbrico de 12ª.
Por volta de 1700, J. Denner colocou as 2 chaves de tal modo que uma
delas (chamada ?chave de registro?) possibilitou o aumento da tessitura do
clarinete para aproximadamente 3 oitavas.
Em 1710, Jacob Denner, filho de Johannn, efetuou várias experiências na
colocação das chaves descobrindo posições que permitiam atingir registros
mais agudos e uma melhor afinação.
Por volta de 1740 foi introduzida a terceira chave e em 1778 o clarinete
standard tinha já 5 chaves. Não obstante, nesta altura o clarinete era,
sobretudo tocado por oboístas que tocavam ambos os instrumentos (oboé e
clarinete) não havendo a tradição de um instrumentista se dedicar em
exclusivo ao clarinete.
É curioso notar que foi para o clarinete de 5 chaves que Mozart escreveu o
seu Concerto e Quinteto. É extraordinário imaginar a agilidade e virtuosismo
do instrumentista a quem na altura coube a missão de executar tais obras,
considerando a complexidade dinâmica, tímbrica e cromática das mesmas,
por um lado, e as limitações técnicas de um instrumento com apenas 5
chaves.
O clarinete de 5 chaves manteve-se como standard até princípios do séc.
19, altura em que Ivan Muller introduziu-lhe importantes modificações, de
tal sorte que é por muitos considerados como o verdadeiro pai do clarinete
moderno.
Ivan Muller, nascido na Rússia, fixou-se por volta de 1809 em Paris, cidade
onde se situavam os principais fabricantes de instrumentos em madeira da
época. Começa então a introduzir alterações na construção do clarinete,
desenvolvendo intrincados mecanismos de chaves, permitindo combinações
técnicas que de outro modo só seriam possíveis com recurso a dedos
suplementares.
Muller apresentou o seu invento (um clarinete com 13 chaves) ao
Conservatório de Música de Paris em 1813.... E foi chumbado
redondamente. Tal rejeição não derivou diretamente do sistema apresentado
por Muller, mas sim do entendimento que os mestres da época partilhavam
de que este tipo de clarinete, com afinação em Sib poderia acabar com os
outros tipos de clarinete então existentes (com diferentes afinações) pondo
em causa a variedade tímbrica e recursiva a que tais diferentes clarinetes se
prestavam.
O passo seguinte da evolução do clarinete foi à adaptação ao clarinete do
sistema Boehm.
Tal como se referiu anteriormente, a introdução e estandardização do
sistema Boehm decorreu a partir da adaptação do sistema usado na flauta
(cuja criação é atribuída a Theobald Boehm).
A idéia básica deste sistema é que a colocação dos orifícios do instrumento
é feita em função de critérios acústicos mais do que em critérios de conforto
manual (os orifícios dos clarinetes não Boehm eram projetados para facilitar
o manuseamento mecânico das mãos). Desta forma, o recurso às chaves
para abertura e oclusão dos orifícios reveste-se de particular importância
esbatendo assim as dificuldades mecânicas. O clarinete boehm é hoje em
dia composto por 17 chaves.
Este sistema foi, entretanto aplicado não apenas ao clarinete, mas também
ao oboé e saxofone. Um sistema híbrido é ainda utilizado no fagote.
O sistema Albert, como já se disse, ainda é usado em algumas regiões da
Europa e Estados Unidos. A principal limitação deste sistema de colocação
dos dedos é que obriga, em determinadas circunstâncias, ao
cruzamento de dedos (dificuldade que o sistema Boehm ultrapassou) o que
se torna particularmente limitante em passagens mais difíceis que exijam
destreza de dedos.
O sistema Auler (pronuncia-se oiler) por sua vez, também requer o
cruzamento de dedos e difere bastante do sistema Boehm. A sua principal
particularidade reside na utilização de chaves com roletes semelhantes aos
que se encontram nos saxofones. Este tipo de clarinete apresenta um
conjunto de 22 chaves e é usado, sobretudo na Alemanha.

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