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terça-feira, 11 de março de 2008

A Trompa e sua origem!

História
Já entre os povos mais antigos ? Etíopes, Hebreus, Gregos,
Indianos - era usado instrumentos feito em chifres, madeira, caules
e marfim, dos quais se originou a Trompa. Há muito de comum
entre as Trompas e os Trompetes primitivos: tal como os
Trompetes, também as primeiras Trompas se destinavam mais para
fins mágicos e rituais do que à execução musical; também
começaram por servir para amplificar e distorcer a voz, gritando ou
falando através delas.Serviam para anunciar decretos e ajuntar as
pessoas.
Lur
Da Idade do Bronze conhecem-se Trompas originárias do norte da
Europa, chamadas lur (plural, lurer). Este nome,dinamarquês, é
relativamente recente (data de 1797, quando o primeiro destes
instrumentos foi encontrado numa escavação). Para além deste
país, também na Suécia, costa oeste da Noruega, norte da
Alemanha e Irlanda foram encontrados estes instrumentos.
Estas trompas, que datam do período entre 1100 A.C. e 500 A.C.,
são feitas de bronze, com o tubo cônico alongado em forma de " S "
mas com a segunda seção torcida em relação ao plano da primeira,
e terminando não numa campana mas num disco plano
ornamentado. Curiosamente, apresentam um bocal não destacável
parecido com o do trombone tenor moderno.
Cornu e Buccina
Estas duas trompas, usadas no tempo dos romanos, são
freqüentemente confundidas ou apresentadas como sinônimos uma
da outra, mas segundo Sibyl Marcuse as suas funções eram bem
diferentes: o cornu era usado para fins militares (cerimonias
fúnebres e outras) e também no circo (juntamente com o
hydraulos); a buccina era usada pelos pastores, mas também servia
para indicar as horas do dia à população.
O cornu tinha um longo tubo metálico (com cerca de três metros),
de perfil estreito e cônico, com a forma da letra "G . Uma barra
transversal de madeira servia para dar solidez ao instrumento,
servindo simultaneamente de suporte. Em relação à buccina não
existem elementos suficientes para identificar convenientemente a
sua forma.
Idade Média: Cornus e Olidantes
Durante a Idade Média continuaram a usar-se para fins musicais os
primitivos cornos de animais. Primeiro, sem bocal, depois com bocal
como parte integrante do instrumento, e só mais tarde com bocal
destacável.
Os bocais eram primitivamente em forma de taça e só mais tarde
começaram a ser em forma de funil (cônicos). Convém notar que
até ao séc. XVII os bocais das trompas e dos trompetes eram
idênticos.
No séc. X começam a surgir cornos com orifícios laterais, permitindo
a execução de melodias simples (ainda hoje os pastores
escandinavos utilizam cornos com três orifícios). Uma parte dos
instrumentos deste tipo continuaram naturalmente a existir sem
orifícios, como é o caso do olifante.
O olifante, feito de uma presa de elefante, chegou ao Ocidente,
vindo de Bizâncio, durante a Idade Média. De marfim, era ricamente
esculpido e por vezes guarnecido a prata, tornando-se o símbolo da
realeza. Continuou a usar-se da Renascença, até ao séc. XVII.
Renascença
Durante a Renascença a trompa aumenta de tamanho, e na sua
construção são progressivamente abandonados os materiais de
origem animal, começando-se a utilizar apenas metal, com o qual
são ensaiadas diferentes formas e tipos de curvatura.
Mas as intervenções musicais de trompas e trompetes são muito
limitadas devido à impossibilidade de tocar melodias em graus
conjuntos. Só quando os tubos se tornam suficientemente longos e
estreitos começa a ser possível produzir alguns harmônicos a partir
do 7o e do 8o (zona em que os intervalos entre harmônicos
começam a ser de um tom).
Por outro lado o desenvolvimento da trompa é mais tardio que o do
trompete, devido à maior dificuldade em produzir tubos cônicos
longos e estreitos.
Trompa de caça e Trompa natural
Ë na Segunda metade do séc. XVII que a chamada trompa de caça
se transforma num verdadeiro instrumento musical: trompa
natural.
Há por esta altura uma enorme confusão de nomenclatura, que se
deve também ao aparecimento da designação trompa francesa.
A trompa de caça é descrita nas suas várias formas por Mersenne
em 1636, e ao longo de aproximadamente um século ela vai-se
transformar na trompa natural. Durante este processo verificam-se
as seguintes alterações:
O tubo torna-se mais comprido e estreito.
O perfil do tubo, de puramente cônico, passa a ser em parte
cilíndrico e em parte cônico.
A campana expande-se muito mais.
O bocal passa da forma de taça à forma de funil.
As conseqüências destas transformações são uma alteração do
timbre e a possibilidade de emitir até ao décimo-sexto harmônico e
já não apenas até ao oitavo.
A partir de 1740 o trompista Anton Joseph Hampel de Dresden,
desenvolveu a técnica de introduzir a mão na campana (como uma
espécie de surdina e também para corrigir a afinação),
experimentando igualmente o uso de surdinas. Esta inovação,
juntamente com a adoção do novo tipo de bocal, veio permitir o uso
regular da trompa na orquestra.
O aparecimento das Válvulas
Até a invenção das válvulas ou pistões que ocorreu entre 1814 e
1815, várias tentativas se fizeram para aumentar as possibilidades
da trompa.
Para a distinguir da trompa natural, chama-se também por vezes
trompa de pistões, cromática ou trompa de harmonia. Uma
característica essencial do tubo é, ser estreito e muito longo (mais
de 4 metros); é isto que permite a obtenção de muitos harmônicos
(até ao décimo-sexto). Na região aguda é difícil controlar a nota
produzida, pois a menor imprecisão na conveniente articulação dos
lábios dá origem a uma nota errada ou destimbrada.
Na trompa cada nota pode ser obtida através de um maior numero
de posições diferentes que nos outros metais. Assim, é fácil o
executante livrar-se dos harmônicos 7 e 11 ( indesejáveis, por a
sua afinação não corresponder exatamente à das notas que se
pretende) e obter as notas correspondentes com base no critério
formativo.
Ao contrário de todos os outros instrumentos que tem pistões, na
trompa é com a mão esquerda que se atua sobre eles, porque
continua a ser preciso introduzir a mão direita na campana para
obter os sons bouchés e para segurar o instrumento.
A sua extensão e de quase quatro oitavas, de Sol (-1) a Fa (4 ),
embora as quatro notas mais graves sejam difíceis de obter,
devendo ser evitadas pelos compositores em passagens rápidas.
A trompa está afinada em Fa, no entanto em muitas partituras do
século XIX as partes de trompas eram escritas em clave de fa, uma
oitava abaixo do que é habitual (como se ela transpusesse à 4a
superior).
Para emitir as notas da região aguda, convinha que existisse uma
trompa com o tubo mais curto: o modelo em Sib. Em 1935
apareceu no mercado o modelo moderno de trompa, que funciona
como trompa em Fa e como trompa em Sib, alternadamente, sendo
chamada trompa de afinação dupla. Para isso é dotada de uma 4ª
Válvula que corta a ligação de uma certa extensão do tubo, fazendo
com que o instrumento passe a tocar uma quarta acima.
A trompa apresenta um bocal cônico ou em forma de funil mas
sempre relativamente fundo, o que confere ao instrumento um
timbre aveludado.
Algumas consistiam na substituição e adição de tubos de diferentes
comprimentos (roscas ou pontis) que permitiam à trompa emitir
outras séries de harmônicos. Estes processos tinham o
inconveniente do tempo necessário para a mudança, que em muitos
casos se tornava impraticável no meio de uma peça musical.
Em 1815 deu-se então a invenção dos pistões (que a trompa tem a
forma de válvulas rotativas) e mais tarde faz-se a já referida
trompa de afinação dupla (Sib e Fá), hoje a mais usada nas
orquestras.
A trompa natural continua ainda a ser usada, não só para a
interpretação de música antiga mas também pelo seu
extraordinário timbre, algo diferente do da trompa atual. Prova do
grande interesse que este instrumento hoje desperta é o Concurso
Internacional de Trompa Natural que se realiza em Bad Hzarzburb,
na Alemanha.
Surdina, Sons Bouchés e Outros Efeitos
A trompa pode usar uma surdina em forma de pêra e que pode ser
de metal, madeira ou cartão permitindo obter um timbre diferente.
Para indicar a sua utilização usa-se as mesmas expressões que para
cordofones: com sordino para a colocar, senza sordino para a
retirar.
Na trompa natural o instrumentista intrduzia a mão na campana,
tapando-a em aproximadamente ¼, ½ ou ¾ da sua área, de modo
a obetr sons fora da série dos harmônicos. Mas tapando com a mão
obtém-se os chamados sons bouchés (stopped em inglês, gestopft
em alemão, chiusi em italiano). Estes têm uma sonoridade muito
diferente.
Hoje os sons bouchés são usados unicamente para obter esse
timbre diferente. O sinal " + " sobre a nota significa bouché,
enquanto que "o" significa aberto. Numa célebre passagem do
Capricho Espanhol de Rimsky Korsakov aparece a mesma frase
primeiro em sons abertos e seguidamente em sons bouchés.

A aplicação do som bouché é também útil quando se pretende fazer
passar uma nota de sforzando a piano. Por outro lado, a introdução
da mão na campana tem também por fim a correção da afinação,
uma vez que por este meio se consegue baixar até meio-tom.
Outro efeito sonoro da trompa é o som cuivré, que se obtém com
uma tensão maior que a normal e um sopro muito forte. Isto
origina a vibração do metal, produzindo assim um som muito
característico . Esta técnica pode ser utilizada em sons normais
(abertos), em sons bouchés e com surdina. O uso é indicado pelo
sinal " ^ " sobre as notas, acompanhado da palavra cuivré no início
da passagem. Os sons cuivré são de grande efeito dramático.
Finalmente, há compositores que exigem que a trompa se toque
com a campana voltada para cima (inglês; bells up; Francês;
pavillons een láir; alemão Schalltriether auf). Isto pode acontecer
em passagens em que o compositor pretende um som muito forte,
violento até.
Em relação à sonoridade da trompa convém salientar que ela é o
único instrumento tratado como uma madeira e como um metal; na
escrita para orquestra ela é associada principalmente aos metais,
mas também às madeiras, com as quais liga perfeitamente; na
música de câmara a trompa é membro permanente do quinteto de
sopro, juntamente com a flauta, o oboé, o clarinete e o fagote.
Além disso, a trompa resulta muito bem em combinações
instrumentais bastante diversas; por isso, ela tem um status único
entre os instrumentos da orquestra.

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