Chamada de AJ, ela é capaz de se lembrar das datas de todas as Páscoas durante 24 anos, e ainda recorda o que estava vestindo, onde estava e o que estava fazendo no dia. Além disso, sua memória ainda recorda fatos históricos e principais acontecimentos das últimas décadas.
Segundo a revista, os cientistas da Universidade da Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, começaram a pesquisar sobre a habilidade da memória de AJ há sete anos, quando ela procurou os acadêmicos dizendo que se sentia "exausta" e que as lembranças eram como um "fardo" que ela tinha que carregar.
AJ descreve suas lembranças como "um filme que nunca pára", afirma o texto.
A partir dos relatos de AJ, a equipe do neuropsicólogo James McGaugh realizou testes com a paciente e identificou uma nova síndrome de supermemória, batizada de hyperthymestic (nome em inglês, baseado no grego, thymesis, que significa lembrar).
"Convencidos que sua condição era nova na ciência, os cientistas chamaram [a síndrome] de hyperthymestic e identificaram vários outros pacientes que sofrem do mesmo mal", diz a revista.
Esquecimento
De acordo com a New Scientist, os cientistas ainda não conseguiram identificar a causa da habilidade "extraordinária" da memória de AJ.
No entanto, a capacidade de recordar memórias autobiográficas pode estar relacionada com uma falha nas atividades cerebrais que permite que as pessoas esqueçam fatos supérfluos.
"O esquecimento funcional é crucial para o bom funcionamento da memória. Um sistema que recorda todos os detalhes e torna esta informação disponível com freqüência irá resultar em uma confusão em massa", diz o cientista Dan Schacter, da Universidade de Harvard, à revista.
Para McGaugh, que investiga o caso, AJ possui "qualidades obsessivas". Ele sugere que, assim como os autistas, ela é interessada em datas e no calendário. Além disso, há 32 anos ela mantém um diário, guarda os guias de televisão de vários anos e diz que "sempre precisou de organização".
Segundo o cientista, os comportamentos compulsivos podem reforçar a memória, ao invés de incentivar o arquivamento e o esquecimento das informações pelo cérebro.
Características
A revista indica ainda que, segundo os pesquisadores, a memória de AJ não é fotográfica, já que, em um dos testes, ela não conseguiu se lembrar ao fechar os olhos o que os cientistas estavam vestindo.
"A memória autobiográfica dela, apesar de incrível, é seletiva e até comum em alguns aspectos", diz McGaugh na reportagem.
Os cientistas afirmaram à revista que o próximo passo da pesquisa será analisar ressonâncias magnéticas dos cérebros dos pacientes que sofrem da síndrome hyperthymestic para identificar possíveis diferenças entre cérebros de pessoas que possuem memória normal.
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